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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Politics of love


Em uma conversa sobre amor e política, uma amiga chegou à conclusão óbvia e ululante que eu nunca havia cogitado.


- Olha, eu juro que amor pra mim é tão simples quanto política. Você separa lá o partido que quer um estado atuante do outro que quer privatizar tudo, separa quem gosta de quem não gosta de imposto, quem é pró-social de quem é pró-avanço, e vai separando. Não tem que elaborar muito, o único problema é que na política você não muda de lado fácil... E no amor você se perde um pouquinho.

- Talvez seja esse o problema. Perceba, você vai escolher o partido Pró-Social e eu vou escolher o Pró-Avanço...

- Mas isso é que faz a teoria dar certo. No Pró-Avanço, você vai encontrar o amor do seu jeito, do jeito que você espera que seja o amor.

- Só tem gente louca no pró-avanço. Eu sou uma pessoa muito quebradinha, eu tenho o dom de escolher as pessoas mais podres e levar chifres, ou então pessoas egoístas e infantis, ou que simplesmente não sabem o que sentem... Não se conhecem. Minhas experiências são péssimas, então, se fosse pra julgar este mérito, eu deveria ser a maior cachorra do mundo, fazer as maiores sacanagens e evitar relacionamentos, e nem faço isso...


Eu não fujo, mas devo admitir: às vezes eu me assusto fácil. Assusto porque falta envolvimento, falta vontade... Aquela que lhe faz fantasiar e arrepiar sem nem um toque, sem um cheiro - imagine se houvesse. Que devastadora sensação seria essa?

Sem vontade só me resta preguiça.

Eu tenho vontade de mais, de alguém que planeje como eu, que se dedique a uma conquista como quem sabe que é o passo mais importante. Sentir o sabor de perturbar, ver expressões de um desejo sendo reprimido no exato momento em que os olhos cruzam com os seus e poder, mais tarde, dar vazão ao desejo mais proibido. Como as pessoas podem ter esquecido que o prazer da antecipação é o determinante do prazer futuro?

Eu sou Pró-Avanço, e deste lado da política o vazio ocupa todos os espaços. Vazio de beijar 30 bocas em uma noite, porque são bocas e alguém disse que dão prazer, porque são bocas e você ganhou o direito de beijá-las, porque são bocas e alimentam o seu ego.

O ego é uma das variáveis mais importantes no Pró-Avanço, tão importante quanto a vaidade e o narcisismo, que se confundem e engolem um ao outro. Nada satisfaz os membros deste partido quanto fazê-lo sentir-se único, e singularmente importante.

Deste lado as pessoas são desinibidas, expansivas. Muitas pessoas estão no Pró-avanço por serem populares, por serem vistos com admiração pelos outros membros e por dominarem a arte da conquista. Nesse caso não precisam beijar as 30 bocas, eles são parte do alto comissariado do partido e já provaram do que são capazes se quiserem, mas eles cresceram e atingiram o real objetivo do aglomerado político em questão.

Viram seus reflexos pelos olhos dos outros, aprenderam a conhecer e dominar a si próprios, distinguiram o valor e atribuições de cada cargo político, ser senador lhe dá poder de manipulação, ser presidente traz um fardo de negociações e solidão. O senador pode ganhar mais, mas o presidente o é por idealismo.

O presidente do Pró-Avanço vai ouvir que pode escolher quem quiser e o terá. Terá mesmo... por uma noite, ou até quando suportar o vazio. O presidente é sensível, machucado e carente.


Minha amiga é Pró-Social e isso não é melhor ou pior, ela só não gosta dos impostos... Os dilemas internos dos partidos possuem diferentes variáveis, mas são similares e nós duas esperamos fortemente que seus presidentes achem uma forma – que nós ainda não achamos – de driblar o sistema e descobrir no vazio um inteiro.

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