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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Aula de Corpografia

Sob minhas mãos

A ausência de regras 

De meridianos e fusos definidos 

Os dedos contêm as ferramentas 

E o desejo de exploração do alheio 

Toquei-te muito além do físico absorto

Em todas latitudes e longitudes

Além dos limites de teu corpo...

Krol Rice

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Why so scared? (Part I)

É meu sorriso fácil e largo que se oferece até quando não percebo, até para quem não conheço, até quando a vontade é outra? "Sorriso de segunda-feira", ele disse algo que me denunciou.

Minha naturalidade abusada.

Talvez minha conversa ocasional-proposital, comentários sobre todos os assuntos saltam dos meus lábios tão facilmente quanto as ideias dançam à minha frente.

Minha leveza arquitetada.

O meu toque disfarçadamente inocente, um quase 'sem querer' misturado com um 'não há de ser nada'. Um toque para causar dúvida, rápido o suficiente para não assinar a confirmação.

Minha superioridade calculista.

É meu olhar dedicado que acompanha meu desejo; cauteloso quando quer, ou descarado para declarar tão velado interesse, para provocar, para fazer perder o sono. O olhar audacioso inevitável, o distante para ludibriar, olhar cafajeste para brincar... Todos juntos na missão de mascarar o inextinguível olhar bobo apaixonado.

Minha segurança forjada.

domingo, 24 de outubro de 2010

EU



Eu tenho outros cantos fora estes bem vistosos
Tão feitos de engano, de poeira e acaso
Tão tidos por bobagem, por saudade, por atraso
Espelho embaçado pelos anos desgostosos

Eu visto outros panos sob estes cá lustrosos.
Encobrem uma pele carcomida pelo ocaso,
Resquícios de um poema versejado com descaso,
Fracasso não vertido pelos olhos invejosos

Eu temo outra gente fora esta que me acusa;
Ressinto outras chagas longe desta que me sangra;
Eu calo outros medos que a palavra não alcança

Sou esse meio-termo entre o golpe e a escusa,
Qual praia inabitada, meio escarpa, meio angra,
Na luta sou quem foge, na paz eu sou a lança.

domingo, 17 de outubro de 2010

CONVITE

Pessoal, excepcionalmente hoje, gostaria de convidá-los a visitar meu blog (http://complexodepupa.blogspot.com/). Lá postei um texto sobre o que considero ser a importância do voto e da discussão política nestas eleições. Desculpem meu atrevimento, é que penso estarmos num momento crucial da vida brasileira, e queria deixar bem clara minha posição. Mas vou fazer isso só lá mesmo =]
Abaixo vai o poema deste domingo. Valeu!

UMA IDÉIA PODE SER TUDO

Uma idéia pode ser tudo:
uma pergunta, uma resposta;
uma canção, uma revolta;
uma cura, muitas mortes.
Não há nada mais fugaz.
(Não há nada mais tenaz.)

Uma idéia muda o mundo.
Muda quem somos, quem seríamos.
Faz de um verso um poema,
de uma carta um retorno,
de um beijo uma família.
Seu cantar não é impune.

Uma idéia salva o dia.
Traz o novo em velhas vestes;
traça o velho em outras cores.
Quando muito, dá errado
– que é o certo, um pouco além.

Uma idéia contagia.
E tem em si uma outra idéia
de tornar-se algo vivo.
Algo vive entre seus traços:
uma imagem, um sonido,
um desejo que não cessa de chamar.

Uma idéia nos define, nos faz humanos.
Nós humanos definhamos,
resvalados pelos anos.
As idéias, estas restam
intocáveis pelos cantos,
na memória, nos lugares,
em quase tudo que hesitamos.

Não há boa ou má idéia.
Há idéias simplesmente.
Nunca simples – é verdade
– quando deixam nossa mente,
quando se chamam realidade.

Uma idéia pode ser tudo,
e ainda quase nada:
tudo aquilo que sonhamos
ao correr de nossas vidas;
e, ao riscar de um poema,
nada além de algumas linhas.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Purgatório Astral



Não gritei antes por ti
Por medo que as águas em quais me escondo
Secassem a teus pés
Acredito e entendo
Que meu signo de peixes
De quem tenta ser sereno
Faz bem á agitação que és
Mas sinto que sabes que sentes também...

Sei que num dia ruim fostes mar sem peixe
Leão sem presa
Com uma rede de pesca vazia
Quem nem servia para embalar teu sono
Perdão se te fiz rugir á noite
Por falar em sono
Sem pedir autorização por escrito
Ao sindicato dos astros...

Perdão se usei teu signo
Como refúgio dos meus sentidos
Pedaço de um coração calado
Que voltei a escutar em ti
É que hoje acordei e lembrei-me
Que teu anzol não passou-me ao lado
Atravessaste-me o peito
E eu acordei com o coração dolorido...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Às línguas

 
Às línguas, que devoram.
Às línguas, que mentem.
Há línguas que fofocam.
As línguas dos que se metem.
.
.
Às línguas, que fazem o pensamento audível.
Às línguas, que influenciam.
Às línguas, que fingem ser possível.
Há línguas que acreditam.
.
.
Às línguas, que se comprometem.
Línguas que, junto com a boca, moldam sorrisos.
Mas há línguas que do compromisso esquecem,
Essas línguas que confusas, causam conflitos.
.
.
Há línguas que, voltando atrás, ferem.
Às línguas, que expressam falsas lástimas.
Às línguas, que te enfurecem.
Há línguas que sentem sabor de lágrimas.
.
.
Há línguas que se comunicam.
Línguas que contam sempre o mesmo enredo
Há línguas que se explicam,
A outras línguas, usando um mesmo texto.
.
.
Há também línguas que se lambem.
Línguas que transmitem gemidos.
Às Línguas! Que se chupem!
Às línguas, que exclamam gritos.
.
.
A língua que faz em sons o gozo

É a mesma língua que exemplifica o nojo.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Verdades


É incrível a capacidade que o ser humano tem de mentir,mas não conseguir esconder a verdade.Bem paradoxal.Muito paradoxal. O que cala na boca escorre pelos gestos. Gestos no qual não conseguem esconder o que a mente está cheia. 
Posso dizer-te que te odeio e lhe jurar morte como se jura à um inimigo,mas se fores capaz ao mínimo de párar e analisar os meus gestos,minhas expressões,terás com o tempo a capacidade de ler-me em frações de segundos. O que fica preso à minha garganta transparece em meus olhos saltimbancos,prontos a lhes devorar ou então prestes à levar-te a conhecer o fundo de um interior mais desejado e mais misterioso que há.
O do ser humano. Uma viagem demorada, com tantas idas e voltas,perguntas e respostas e o custo seria a paciência de um monge e os questionamentos de um sábio. 
Cada um é um,fruto da sua subjetividade,do seu individualismo aparente,do seu ego brilhante e feroz que dita as suas decisões a todo momento e faz de mim esse ser estranho,tão diferente e ao mesmo tempo igual aos demais. Sinto as minhas dores, sigo as minhas normas e minhas leis,codifico-me todas as horas e dias,pois sou eu mesma mais um código secreto vivendo em um mundo onde existem milhões deles aptos a se descobrirem a toda hora. 
E ao chegar ao final de tudo isso acabarás com mais perguntas em sua mente do que respostas em suas mãos,e por mais que isso aconteça descobrirá que tudo valera a pena,e por mais que se tente,a verdade é a mais transparente,seja ela qual e for,e seja dita!





domingo, 10 de outubro de 2010

CARTOGRAFIAS



Em porção distante 
bem, região remota
de mim, no peito,
passa um frêmito
gemido.
Sei

Assim, que algo nasce
(ou sei que algo morre)
Algo saúda
de lá, longe,
e ainda,
Perto

Ressoa nesses cantos
Nota-pranto, crua
Da mesma força
com que vibra,
também
Cessa

Mas convida sempre
a ouvi-la, soá-la
Sempre chama,
sente o ar
queimar em
Si

Traz em si o desejo
de ficar, partir
Em mim, reparte
cada hora
num meio-
Fim

Prédio, casa, esquina;
Grita, geme, cala;
Larga nos cantos,
rente às sombras,
pedaços
Meus

Refulgem seus traços
a cada seis metros.
Espaços; ex-
passos: eis
as faces
Minhas

Móbile janela!
Paisagem senil!
Assim me rendes,
uma a uma,
as tuas
Ruas

sábado, 9 de outubro de 2010

Faça




Talvez o caso seja fazer
Ou talvez seja não fazer,
Pode ser que seja, quase fazer,
E se eu fizesse por acaso?
E se de repente eu fizesse?
Acho que não vale à pena fazer....
Fazer pra que?
Pra ela nem notar que fiz?...
Só sei que não fiz.
E se fosse pra eu ter feito?
Ou talvez fosse pra eu não fazer,
Não fiz e me arrependi,
Será que se eu tivesse feito me arrependeria?
Não dá mais para fazer....

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Em Meu Diário


Madrugada:
Todos dormem
Exceto eu,
Que penso em ti.

Amanhece:
Tudo desperta,
Exceto eu,
Que não dormi.

Entardece:
Pessoas sofrem,
Tropeçam nas vidas,
Os ruídos ouvi

Pessoas sofrem...
Anoitece:
Também eu
Que penso em ti.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Politics of love


Em uma conversa sobre amor e política, uma amiga chegou à conclusão óbvia e ululante que eu nunca havia cogitado.


- Olha, eu juro que amor pra mim é tão simples quanto política. Você separa lá o partido que quer um estado atuante do outro que quer privatizar tudo, separa quem gosta de quem não gosta de imposto, quem é pró-social de quem é pró-avanço, e vai separando. Não tem que elaborar muito, o único problema é que na política você não muda de lado fácil... E no amor você se perde um pouquinho.

- Talvez seja esse o problema. Perceba, você vai escolher o partido Pró-Social e eu vou escolher o Pró-Avanço...

- Mas isso é que faz a teoria dar certo. No Pró-Avanço, você vai encontrar o amor do seu jeito, do jeito que você espera que seja o amor.

- Só tem gente louca no pró-avanço. Eu sou uma pessoa muito quebradinha, eu tenho o dom de escolher as pessoas mais podres e levar chifres, ou então pessoas egoístas e infantis, ou que simplesmente não sabem o que sentem... Não se conhecem. Minhas experiências são péssimas, então, se fosse pra julgar este mérito, eu deveria ser a maior cachorra do mundo, fazer as maiores sacanagens e evitar relacionamentos, e nem faço isso...


Eu não fujo, mas devo admitir: às vezes eu me assusto fácil. Assusto porque falta envolvimento, falta vontade... Aquela que lhe faz fantasiar e arrepiar sem nem um toque, sem um cheiro - imagine se houvesse. Que devastadora sensação seria essa?

Sem vontade só me resta preguiça.

Eu tenho vontade de mais, de alguém que planeje como eu, que se dedique a uma conquista como quem sabe que é o passo mais importante. Sentir o sabor de perturbar, ver expressões de um desejo sendo reprimido no exato momento em que os olhos cruzam com os seus e poder, mais tarde, dar vazão ao desejo mais proibido. Como as pessoas podem ter esquecido que o prazer da antecipação é o determinante do prazer futuro?

Eu sou Pró-Avanço, e deste lado da política o vazio ocupa todos os espaços. Vazio de beijar 30 bocas em uma noite, porque são bocas e alguém disse que dão prazer, porque são bocas e você ganhou o direito de beijá-las, porque são bocas e alimentam o seu ego.

O ego é uma das variáveis mais importantes no Pró-Avanço, tão importante quanto a vaidade e o narcisismo, que se confundem e engolem um ao outro. Nada satisfaz os membros deste partido quanto fazê-lo sentir-se único, e singularmente importante.

Deste lado as pessoas são desinibidas, expansivas. Muitas pessoas estão no Pró-avanço por serem populares, por serem vistos com admiração pelos outros membros e por dominarem a arte da conquista. Nesse caso não precisam beijar as 30 bocas, eles são parte do alto comissariado do partido e já provaram do que são capazes se quiserem, mas eles cresceram e atingiram o real objetivo do aglomerado político em questão.

Viram seus reflexos pelos olhos dos outros, aprenderam a conhecer e dominar a si próprios, distinguiram o valor e atribuições de cada cargo político, ser senador lhe dá poder de manipulação, ser presidente traz um fardo de negociações e solidão. O senador pode ganhar mais, mas o presidente o é por idealismo.

O presidente do Pró-Avanço vai ouvir que pode escolher quem quiser e o terá. Terá mesmo... por uma noite, ou até quando suportar o vazio. O presidente é sensível, machucado e carente.


Minha amiga é Pró-Social e isso não é melhor ou pior, ela só não gosta dos impostos... Os dilemas internos dos partidos possuem diferentes variáveis, mas são similares e nós duas esperamos fortemente que seus presidentes achem uma forma – que nós ainda não achamos – de driblar o sistema e descobrir no vazio um inteiro.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Vontade de Você.

( ... ) Mistura de amor inocente
Olhar envolvente loucura e prazer
Um anjo que veio do céu
Adoçar minha vida com um beijo de mel ( ... )"

Hoje eu acordei com uma vontade de você,de sentir a tua boca na minha,a minha pele na sua e de poder sussurrar palavras incertas e tresloucadas no teu ouvido.
Vontade do teu sorriso único,do teu cheiro que impregna e deixa rastros soltos pelo ar.
Vontade de escutar a tua voz rouca dizendo coisas que ninguém pode imaginar, fruto do pecado da paixão tórrida e louca que você tem alimentado por mim todo esse tempo.
Vontade do seu olhar passeando pelo meu corpo, por cima das minhas vestes criando milhares de fantasias que a noite você realiza em sonhos.
Vontade das coisas mais simples vividas com você.
Vontade de estar ao seu lado quando não se pode estar.
Já me bastaria um pequeno gesto no ar e suas covinhas à sorrir pra mim. Isso já seria vibrante.
Vontade mesmo é da inocência, de quando não se sabe o que fazer e nem ao menos o que dizer.
Por sua falta de criatividade, ou mesmo por vergonha, pois o coração bateu tão forte e tão descompassado que faltou até o ar e até mesmo o chão.
Vontade de avistar aquele olhar perdido, vagando de um lado pro outro sem ritmo algum, deixando transparecer o nervosismo e o medo de perder algo que ainda não se tem.
Vontade do sorriso malandro para parecer o esperto, mas que na verdade mostra um menino lá no fundo que não sabe nada quanto ao assunto coração.
Vontade de chegar juntinho, receber aquele abraço e te ouvir dizer baixinho: "gosto mesmo é de você!"






segunda-feira, 4 de outubro de 2010

DOBRA-TE ESPINHO



Dobra-te espinho, desiste e fenece.
Vive em meus dedos força em demasia.
Quando sangrando, a vontade alivia,
Transforma cada talhe em outra prece

Arma tua foice, eis aqui tua messe
Trama, esbraveja, lacera, angustia.
Quanto me vens semeando agonia,
Tanto teus golpes minha alma amortece.

Vós em tristes vestes, em solo triste,
Vede: a morte, garbosa, não existe:
É simples curva nesse árduo caminho;

A vida tornando corpos em flores.
Pego nos encravos de seus amores,
Não feneço jamais. Dobro-te espinho!

sábado, 2 de outubro de 2010

O que é maior que você?

Agora o céu pode está azul,
Pouco me importa, sem você?
Que graça tudo isso tem?
Isso não importa pra mim.

Agora  pode ser primavera,
Os pássaros podem cantar no jardim,
Ah!Eu nem ligo pra isso!
Sem ter você que graça tem?

Afinal, o que é maior que o amor?

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Geometriapaixonante

Amo a geometria de teu corpo!
Eu, que odeio matemática,
Encontro em teu rosto a símile da perfeição,
A união de seu conjunto ao olhos do (eu) observador,
Do resultado da equação de sua estrutura corpórea,
Tão simétrico, interativo, e sedutor.
Da cor de sua derme,
Da forma e brilho da tua córnea,
Do equilibrio que possui entre a ordem e o caos,
Da beleza natural que condiz com o que é mais atraente,
Do padrão de beleza proporcional feita em fôrma,
És um enigma a ser desvendado fracionamente,
E eu resulto amando a geometria da tua forma...