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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Finos & Mendigos


Marilyn Monroe
Tem um chupão no pescoço
E uma marmita anos 60
Decorada com sua própria imagem
E anda mendigando ao seu público
Acenando toda miss com olhar desnorteado
Com um gesto culto de enfado

Charlie Chaplin
Tem uma vagabundagem respeitável
Vestido em seu terninho preto
Lábios franzidos escondido por um bigodinho de Hitler
Ele está ali pelas todas as mesmas razões
Que quase a Marilyn o dela cobriu
Quando seu leve vestido subiu


Krol Rice

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sem Tempo Para Chorar.

"Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar." (Drummond) 

Tempo é uma coisa que no momento tenho bastante,mas muito ocioso.
 E isso para mim é insuportável.Detesto ter que ficar à espera de algo para acontecer que nunca acontece. A vida corre depressa e tenho sempre essa sensação de que ela tem passado correndo diante de meus olhos sem que eu faça nada,por desespero e dor de ver tanta coisa mudar ao mesmo tempo.Tudo tão rápido. Tenho passado por uma mudança de cidade ( de novo! )que para mim é muito difícil.Sinto-me como se não fizesse parte disso aqui,como se me faltassem tantas coisas e até mesmo o chão.Sei que vai passar,que nada é para sempre e que é preciso estar disposta sempre à aturar certas mudanças que não são voluntárias,mas simplesmente obrigadas.Ou você se acostuma e tenta a felicidade,ou você não se acostuma e fica no tédio até quando você suportar. Não que a felicidade é pra sempre quando você à encontra...vai muito além disso. É um estado de espírito.Não se é feliz o tempo todo.Você tem estados de felicidade.E é tão bom quando se está assim. No momento me olho no espelho e me reconheço como uma poeta no seu estado melancólico,redobrando-se em mil para cada dia chorar suas amarguras e seus sonhos despedaçados que parecem nunca terem tempo de se realizarem. Só que não cai uma lágrima de meus olhos,não sei porque.Perdi até aquela vontade de chorar loucamente na frente do espelho para me mostrar para mim mesma como sempre fiz.Era tão lindo,ver todas aquelas lágrimas correrem dos olhos meus,uma a uma,que pareciam dançar,variando de uma lenta melodia para uma frenética. E aonde estão elas?Me faltam... Parecem que todas evaporaram com o calor dessa cidade, e tenham elas se dissipado pelo ar caindo na terra e molhando-a em forma de chuva. Engraçado como tem chuvido muito.Deve ser que foram muito além. Muito além da maquiagem escorrendo pelo rosto por causa daquele chorinho manso ou colérico que se via em frente ao espelho. Deve ser que seja um choro generalizado,porque já cansei de chorar e estão fazendo lá de cima o meu trabalho. Tô sem tempo!Tô sem tempo de chorar! Tô sem lágrimas! E olha que elas não costumavam me deixar.




sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Aula de Corpografia

Sob minhas mãos

A ausência de regras 

De meridianos e fusos definidos 

Os dedos contêm as ferramentas 

E o desejo de exploração do alheio 

Toquei-te muito além do físico absorto

Em todas latitudes e longitudes

Além dos limites de teu corpo...

Krol Rice

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Why so scared? (Part I)

É meu sorriso fácil e largo que se oferece até quando não percebo, até para quem não conheço, até quando a vontade é outra? "Sorriso de segunda-feira", ele disse algo que me denunciou.

Minha naturalidade abusada.

Talvez minha conversa ocasional-proposital, comentários sobre todos os assuntos saltam dos meus lábios tão facilmente quanto as ideias dançam à minha frente.

Minha leveza arquitetada.

O meu toque disfarçadamente inocente, um quase 'sem querer' misturado com um 'não há de ser nada'. Um toque para causar dúvida, rápido o suficiente para não assinar a confirmação.

Minha superioridade calculista.

É meu olhar dedicado que acompanha meu desejo; cauteloso quando quer, ou descarado para declarar tão velado interesse, para provocar, para fazer perder o sono. O olhar audacioso inevitável, o distante para ludibriar, olhar cafajeste para brincar... Todos juntos na missão de mascarar o inextinguível olhar bobo apaixonado.

Minha segurança forjada.

domingo, 24 de outubro de 2010

EU



Eu tenho outros cantos fora estes bem vistosos
Tão feitos de engano, de poeira e acaso
Tão tidos por bobagem, por saudade, por atraso
Espelho embaçado pelos anos desgostosos

Eu visto outros panos sob estes cá lustrosos.
Encobrem uma pele carcomida pelo ocaso,
Resquícios de um poema versejado com descaso,
Fracasso não vertido pelos olhos invejosos

Eu temo outra gente fora esta que me acusa;
Ressinto outras chagas longe desta que me sangra;
Eu calo outros medos que a palavra não alcança

Sou esse meio-termo entre o golpe e a escusa,
Qual praia inabitada, meio escarpa, meio angra,
Na luta sou quem foge, na paz eu sou a lança.

domingo, 17 de outubro de 2010

CONVITE

Pessoal, excepcionalmente hoje, gostaria de convidá-los a visitar meu blog (http://complexodepupa.blogspot.com/). Lá postei um texto sobre o que considero ser a importância do voto e da discussão política nestas eleições. Desculpem meu atrevimento, é que penso estarmos num momento crucial da vida brasileira, e queria deixar bem clara minha posição. Mas vou fazer isso só lá mesmo =]
Abaixo vai o poema deste domingo. Valeu!

UMA IDÉIA PODE SER TUDO

Uma idéia pode ser tudo:
uma pergunta, uma resposta;
uma canção, uma revolta;
uma cura, muitas mortes.
Não há nada mais fugaz.
(Não há nada mais tenaz.)

Uma idéia muda o mundo.
Muda quem somos, quem seríamos.
Faz de um verso um poema,
de uma carta um retorno,
de um beijo uma família.
Seu cantar não é impune.

Uma idéia salva o dia.
Traz o novo em velhas vestes;
traça o velho em outras cores.
Quando muito, dá errado
– que é o certo, um pouco além.

Uma idéia contagia.
E tem em si uma outra idéia
de tornar-se algo vivo.
Algo vive entre seus traços:
uma imagem, um sonido,
um desejo que não cessa de chamar.

Uma idéia nos define, nos faz humanos.
Nós humanos definhamos,
resvalados pelos anos.
As idéias, estas restam
intocáveis pelos cantos,
na memória, nos lugares,
em quase tudo que hesitamos.

Não há boa ou má idéia.
Há idéias simplesmente.
Nunca simples – é verdade
– quando deixam nossa mente,
quando se chamam realidade.

Uma idéia pode ser tudo,
e ainda quase nada:
tudo aquilo que sonhamos
ao correr de nossas vidas;
e, ao riscar de um poema,
nada além de algumas linhas.